quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

SOLIDÃO

O telefone disparou o alarme incessantemente, ainda estava no PC, agora virara rotina, a insônia permanente e inexplicável perseguia-me. Vez por outra olhava pela janela, as estrelas límpidas e o silencio denunciava que precisava repousar, mas o que fazer nessas situações em que o corpo teima em ficar acordado? Médicos psiquiatras amigos sempre falaram do stress e medicavam velhos calmantes, entretanto eu nunca comprei um sequer. Aquele ruído do despertador no celular me lembrava que era hora de esticar o corpo na cama, deixar as torrentes de pensamentos fluíerem, fazer planos para o amanha e consequentemente aos pouquinhos ir relaxando ate o sono bater as portas. Assim o fiz, desliguei o PC, tomei uma boa ducha para que a sensação relaxante tomasse conta de mim e paulatinamente como magica ele ia se aquietando, ate entrar em transe e êxtase profundo, vencido pelo cansaço e revitalizado para o amanhã, e assim seria um novo dia.
Acordei assustada já com o sol aquecendo minha pele e com o canto matinal do bem-ti-vi, num som melódico de paz curativa. Olhei em volta, não havia ninguém, o lençol dobrado levemente molhado e amassado denunciava que havia feito muito calor aquela noite, mas no profundo do meu sono não pude perceber. Uma tristeza invadiu minha natureza e me dei conta o quanto por muito tempo tenho estado só, sem companhia, sem compartilhar minhas tristezas, minhas adversidades e alegrias. Ponderei se isto era bom ou era ruim, afinal ser só é algo distinto de está só.
Agora era hora de espreguiçar, fazer caretas para despertar e aos poucos por os pés dentro dos chinelos e ir ate o banheiro e na sequência preparar um bom café da manhã. Iniciava o processo do dia. Tomei o ônibus do horário, ainda era a cedo a cidade mal despertara e o transito fluía adequadamente, podia através da janela ver o mar que circundava toda orla, convidativo, prazeroso de se visualizar.
Num impulso, tomei uma decisão, pedi sinal ao motorista que lentamente parou e desci. O mar a minha frente contagiava-me e irresistivelmente fui senti-lo, caminhando de pés descalços sobre a areia.
Quantas vezes é necessário ter uma atitude como esta? Parece irresponsável, mas certamente dar um prazer enorme, ficar ao léu sem responsabilidade com ninguém a não ser consigo próprio. Aquela caminhada ao lado do mar me daria uma sensação de felicidade, de certeza que minha solidão nunca me foi prejudicial, alias ela me é salutar, me levava ao nirvana, ao auto conhecimento, ao contato com o que desconhecido, me elevando. ´
Longe percebo algumas gaivotas a voar, mergulhando para buscar seu alimento, dano ao céu azul um colorido dignificante e encantador. Algumas crianças brincam de bola, fazendo arruaça, o que me faz sorrir.
A cidade agora já não é mais a mesma, acordou para seu dia..o transito e o caos não me incomodam, pois alheia permaneço e cercada pela doce sintonia do mar, encontro-me só, tendo consciência que minha solidão é apenas um disfarce que minha verdadeira energia precisa para ser feliz!

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