quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

Desejos..


Uma estranha luz brilha
Fascínio, encantamento...
É tua presença...
Teus olhos capazes de renovar minh’alma
Ensurdece meus sentidos
E me faz delirar

Este delírio..
Me faz incitar-me...
A querer a tua pele sobre a minha

O som noturno da musica lá fora
Sonoriza um desejo
E sedenta de amor
Vejo a plenitude e amplitude de me fazer
Pertencer a ti
Pois sua ausência me extasia...
Num desejo perene de ti ter

A musica insiste e não desiste
De lembrar a ti
Acompanho cada movimento sonoro
Como um desejo...
Onde o atrevimento contido no olhar
Não passará...
Apenas da sensação de pertença...

Mas o destino,
É o destino
Com ele vem as crenças...
Realizações e materializações desse desejo
Um destino.
Criado por mim
Desejado por ti...
Numa volúpia insana
De nos unirmos para sempre!

Amor, puro e simples Amor!!

A, o amor... por onde anda?
Que caminhos ele estar a seguir
Para que eu possa ir ao seu encontro
Para que eu possa senti-lo
Que ele possa apossar-se de minh'alma
Dilacerando-a
Enchendo-me de luz...

Cadê o amor...
Por onde ele passou deixou adocicada
A alma de quem o pertenceu
Ele vive a espreita
Querendo fazer feliz a quem o concebe

Amor que me faz cantar
Me faz feliz
E me faz delirar
Que adentra me alma
Sem licença
Para me deixar em extase!!

Cadê o amor..
Ele estar com voce
Ele é voce
Ele que me deixa liberto
E afirma... a todo instante
Que voce é meu amor!!

quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

A infancia..o começo!?

Sempre imaginamos que quando nascemos tudo é o principio, este conceito é baseada na falta de desconhecimento ou mesmo pautada na fé. Particularmente não penso dessa forma, viemos de uma fonte energética suprema e é lógico já existíamos antes de nos tornar humanos, de escolhermos a que família qual vamos pertencer, creio que esta escolha estar baseada nas experiências que devemos ter para o nosso crescimento espiritual, aqui somos como uma centelha e que precisamos burilar toda a força negativa e positiva que existe dentro de nós, e com o decorrer da existência essas escolhas levará a um aprendizado maior e ao que nos propomos a ser de fato.
Maria Joana tinha 07 anos quando do nada percebeu que existia, era como um despertar, sentimentos diferenciados eclodiam em sua cabeça, e varias vezes se percebia com o olhar perdido sobre a mureta da janela da varanda do quintal onde visualizava o mar como pano de fundo, assim como o abacateiro que inúmeras vezes  se pendurava nas suas pintanças. O contato com a natureza lhe deixava leve, e a fazia transcender, era mágico, ficava inerte como uma luz flutuante e com uma força maior que não sabia com palavras descrever.
Certa vez, nessa mesma janela, que na verdade era uma espécie de meia porta, ou seja uma porta cortada ao meio, ela estava a escovar seus dentes junto com seu irmão de 05 anos e animadamente brincavam com a espuma de suas pasta de dentes quando do nada a  porta se abriu e seu irmão despencou de uma altura enorme caindo entre as pedras, Maria Joana como que no automático se agarrou na porta ficando pendurada, por uns minutos, mas que nesses breves instantes teve a visualização de um ser angelical, que sem muito esforço emburrou a porta de volta e ela caiu no chão da varanda. Nunca esquecera esse fato, la embaixo seu irmão prostado e a sua frente um ser luminoso nunca visto. Acredita ate hoje que este fora seu primeiro contato com essa energia positiva e que no decorrer de sua vida se manifestaria por três vezes, e sempre em situações difíceis.
Seu irmão é claro sobreviveu, ela sabia que tinha o dedo daquele ser luminoso que vira, mas este encontro resignificou sua vida posteriormente, alicerçou sua crença e levou a buscar estudos que esclarecesse aquele breve instante.
Aos 09 anos Maria Joana, possuía certo grau de independência, já ia a escola sozinha, tomava o bonde ou por vezes vinha caminhando, o que achava a experiência emocionante, principalmente  porque se dependurava no bonde, sentindo a fluidez do vento em seu rosto e era  nesses momentos que podia observar tudo ao seu redor e tinha a sensação de liberdade.
Vez por outra encontrava velhos mendigos de olhar profundo e cansado pelos becos por onde passava, o que lhe provocava profunda tristeza, ver a condição sub-humana tão marcante e nada poder fazer. Pensava que aquelas criaturas haviam escolhido este caminho, afinal apesar da luta pela sobrevivência ser tão acirrada, acreditava piamente que qualquer pessoa em qualquer situação social determinava seu próprio caminho, e tinha certeza que era escolha deles viver naquela condição.
O que mais lhe dava prazer nessas suas andanças vindo da escola era a alegria das crianças do curtiço parecia que la habitava a alegria, apesar de toda a condição social desfavoravel, os meninos a jogar bola e correr picula e as meninas adoravam amarelinha, ficavam a pular de um pé só. Algumas vezes em que parava para observar, Anita uma negra de olhos cor de mel a chamava para interagir, e com um sentimento de tristeza sempre dizia que não podia, pois já estava atrasada para chegar em casa, detestava deixar sua mãe esperando para o almoço ou que se preocupasse consigo.
Toda criança sempre tem um amigo especial, alguem que ama mais que tudo e que representa muito para sua vida, Maria Joana tinha uma pessoa especial a qual ela nutria um sentimento muito prazeroso, as vezes ela propria se questionava o por que daquele sentimento, aquela dedicação, sentia como se fosse mais alem da amizade, algo que transcrevia a descrições, era uma ligação espiritual tao forte que em momentos de seus devaneios desejava mudar seu sexo para supostamente ter a pessoa e poder conviver de uma forma mais intima. Aquele sentimento fortalecido em uma idade tão terna mostrava que o amor verdadeiro esta dentro de cada um e muitas vezes de forma adormecida, outras vezes  coeso como fogo, acesso, um amor incomum. Não me refiro aqui a amor sexual, embora no contexto Maria Joana inumeras vezes sonhara tocar os labios de Edite, sua prima, era uma adoração impar, incontestavel que alimentava sua alma e sua vida.
Mas na vida há caminhos de desencontros marcados por desventuras e não poderia ser diferente com Maria Joana, assim num dia comum de domingo aconteceu a primeira briga com Edite, coisa tolas, intrigas dos primos que ja notavam a preferencia diferenciada, o trato, a defesa incondicional frente a todos. Naquele domingo chegaram ao extremos, inflamadas pela maudade mirim dos moleques. O dilema de Maria Joana era só um, como ficaria depois, nao conseguia se defender, e apanhou horrores de Edite. Conseguindo fugir daquela situação, correndo até o fundo do quintal e mergulhando dentro de um tonel enorme de agua, ficando la parada sentindo a agua fria no seu corpo dando um prazer de odor causada pelas unhadas dadas pela prima. Não sabe exatamente quanto tempo ficou ali naquela situação, um tanto ilarica. A voz de sua mãe a trouxe a sua realidade, e automaticamente saiu daquele enorme tonel. Era hora do almoço, era um sabado e sempre nos fins de semana almoçavam juntos seus pais e seu irmão, a mesa o seu pai contava as peripecias do seu trabalho, e sua mae falava da semana e das dificuldades de educar as crianças. Depois do almoço, sempre  tiravamos uma sesta e em seguida iamos brincar com nosso pai.
Pode-se dizer que Maria Joana viveu sua infancia de forma tranquila e amorosa, resolvia suas dificuldades com ponderação e justiça, isso deu a ela um suporte para enfrentamento das dificuldades que encarou na sua vida.
Aos 11 anos se separou definitivamente de sua prima, ela foi morar em Goias e Maria Joana no Rio Grande do Sul, só se reencontrando aos 15 anos, quando Maria Joana não quiz festa e sim uma viagem com o objetivo de rever novamente a prima.
A emoção do encontro foi muito forte, seu coração acelerava, seu pensamento criativo a levava a situações imaginadas que a faziam ruborizar. Desceu do onibus e ao lado da tia caminhava até  a casa dos primos, os meninos ja estavam com 18 anos, no exercito, e ela deveria estar muito linda, e as lembranças  dos momentos vividos foram repassando a cada momento que se aproximava da casa. Finalmente seus olhos encontraram o de Edite, e institivamente correram para o grande abraço, tão forte, caloroso que a fez respirar fortemente. Sua vontade  era enche-la de beijos, mas conteve-se e apenas conversaram. Agora tinha certeza que a amava incondicionalmente.
As ferias acabaram e Maria Joana retornou a sua cidade natal, com a doce sensação de que nunca esqueceria sua prima e aquele amor unilateral .
Aos 17 anos sua primeira desilusão, soube da noticia que sua adorada Edite iria casar. seu mundo veio ao chao, e daquele dia em diante todos os seus sonhos secaram feito uma peuena lagoa num deserto. Nunca esquecera quantos dias chorou e quantas noites ficou sem dormir, imaginando que sua amada estaria ao lado de outro e que ela jamais poderia confessar todo o amor proibido sentido.
Maria Joana namorou, casou, descasou viveu sua vida como uma pessoa comum, mas nunca esqueceu aquela energia sentida, aquele sentido dado a vida que poucos sentem, o Amor, o amor simples e puro.

terça-feira, 25 de outubro de 2011

O Sapiens e o Caos


Aqueles olhos pareciam me pedir de alguma forma ajuda, seu corpo estava estentendido ao chão, um tanto sujo, sem camisa, simplesmente jogado e seus olhos circulavam pelo salão como se tentasse se refugiar de algo inexplicavel, invisivel, vez por outra do canto de sua boca esboçava um sorriso, como se estivesse a se divertir com a sua propria situação. Encarei por diversas vezes aqueles olhos, procurava uma solução para aquela situação, uma vida miseralvemente triste, como se dependesse de mim. Entretanto sabia que por mais que eu encontrasse qualquer tipo de ajuda, ele continuaria ali, apatico, enigmatico como se nada estivesse acontecendo, sorrindo ao léu vez por outra, como se divertisse por eu estar preocupada com ele.
Era janeiro 2011, no albergue circulavam outras pessoas talvez com um pouco mais de sorte que o Josué, porque todos pareciam ter sobre si o dominio da lucidez enquanto que o rapaz de olhar profundo e sombrio não respondia inteiramente por si, era como se fosse uma marionete conduzida ao acaso por quem estivesse por perto, e ele tinha apenas 23 anos.
Segundo relato de sua mãe Josué desde 08 anos tivera uma crise convulsiva e desde então passou a ter delirios, a falar sozinho e com tendencias ao isolamento. Aos 12 anos sofreu abuso sexual por parte de rapazes na escola e nunca conheceu uma mulher, sempre fora arredio e solitario socialmente. Nessa epoca vivam numa sobrado pelas bandas do Pelourinho, lugar estranho de energia morbida, onde sentiamos ate medo quando passavamos por lá. Antes dos 12 anos ele era um garoto esperto, conversador, tudo perguntava de uma curiosidade sem fim, e há quem diga que foi por conta dessa curiosidade que se tornou o que é hoje.
Quando questionei a uma psiquiatra amiga o porque do Josue sorrir tanto quando caminhava de um lado ao outro sem nenhum destino e em meio a esta sua andança gesticulava sem parar, ela simplesmente respondeu-me, ele estava ouvindo inumeras vozes e precisa contracenar com essas vozes para que sua locura não o leve ao caos...Cá pensei: mais caos, e que caos ela ta se referindo? Josue nao tem vida, a vida como conhecemos, o que ele vive temos uma pseduo ideia, de delirios infintos, de sonhos e pesadelos horriveis, criações de uma mente funesta e desumana, que caos ainda sofrerá o Josue.
Todos os dias pensava naquele rapaz, e cada dia que o via, sentia o quanto eu era tenue e nada parecia poder fazer para ajuda-lo, a nao ser contar com minha fé de que um dia ele encontraria o caminho da lucidez e se tornaria um homem sensato, amigo como todos os rapazes de sua idade, por hora me limitava a desejar que logo esse dia chegasse.
Numa quarta-feira de muita chuva dessa que o ceu fica totalmente enegressido e de raios que podia se perceber atraves da janela de vidro, a mãe de Josue entrou na sala parecendo uma doidivana, cabelo molhado, como um pinto fugindo da chuva. Agarrou-se a mim e falou: " Dra. Josue fugiu a dois dias, ja procurei por todos os lugares, ate no IML, e nao o encontrei...me ajude Dra." Naquele momento me dei conta da nova realidade do rapaz e inerte minha mente vagou por toda a Salvador na esperança de encontra-lo. Nunca mais soubemos noticias e eu depois dos seis meses, imagino um Josue feliz, longe da sua sina insana de louco e caotico, um Josue liberto do mal do seculo: liberto da Locura!

segunda-feira, 17 de outubro de 2011

Um cachorro de outro mundo

Não sei nem como começar , mas tudo tem que ter um começo e em consequencia um fim...Assim a 4 anos e 2 meses atras, chegou a minha casa uma coisinha pretinha com uma mancha no peito branquinha, que dormia sem parar e nunca foi de uivar a noite, ficava quietinho. O tempo passou e ele foi crescendo, a de quem falo: do ENZO, o meu cachorro uma mistura de poodle com dachshund e que na sua infancia aprontou como qualquer chuorrinho (expressao de maneira carinhosa que o chamava) roeu sapato, derrubou plantas, subiu em cima da cama , do sofá, fez coco e pipi onde nao deveria, um cãozinho docil, que acenava o rabo quando amigos chegavam e a todo instante mostrava para nós como um simbolo de alegria. Sempre achei que meu caozinho era feliz, embora nao o levasse muito a passear, mas quando adoecia, eu me virava nos trinta para dar uma boa assistencia, pagava vacina, levava para o salão, davamos banho e sempre na hora que ele percebia, corria para debaixo da cama. A esse lugar debaixo da cama o preferido, principalmente se fazia algo inseperado, ruivava e pimpa..la estava ele debaixo da cama, quando o ralhavamos punha o rabo debaixo das pernas e se enfiava debaixo da cama. Era sua maneira de se mostrar ao mundo, de se fazer amar pelos seus donos, as peripecias de Enzo, muitas vezes nos faziam sorrir e em outras nos tiravam do serio, e partiamos para a grosseria, é, Enzo sabia..e la fugia para debaixo da cama. E debaixo desse movel, encontravamos diversos objetos, meias, copo de yorgute, osso, papelão, folhas de jornal e de papel, sei la o que ele fazia com isso, no minimo mastigasva para comer, nunca vi cão guloso, mas não era por ração, mas sim coisas que humano comia que ele adorava. Sabiam voces, que ele tomava cerveja, pois é e adorava, nao resistia quando via um copo no chao.Não posso dizer se ele gostava de criança, sei que ele se esparramava no chao quando alguem ia tocar na sua cabeça, nunca vi nenhuma criança o maltratando porisso nao sei qual seria sua reação caso acontecesse algo diferente, o que sei é que se pisasse no seu rabo ou em cima dele ele ronasva e parecia que ia morder, e se dessse ele mordia mesmo.
Sempre que viajava e deixava na casa de amigos, estes sempre me diziam que ele nao comia nos primeiros dias, depois começava a nova rotina, de todas as casa por onde passou sempre foi muito amado, mas os filhos de minha amiga Ana Claudia nossa, foi amor a primeira vista, Enzo adorava as saidas de manha para passear. Mas porque tanto falo desse cachorro, porque ele era super inteligente, e só faltava falar, nunca esqueço o seu olhar, era como se aquele cachorro fosse de outro mundo, mas como disse no começo tudo tem que ter um fim, e o dele foi SUMIR, viu uma porta aberta na casa de uma amiga e se foi...e deixou meu coração num grande arrazo. Agora fico pensando tantas coisas absurdas e relembrando os momentos mais lindos que vivemos juntos. Enzo aonde estiveres saiba que sinto muitas saudades e a cada dia que passa mais certeza terei que nao vou ve-lo mais, e que tudo que compartilhamos foi de mais pura emoção e amor, amor pelo peludinho do outro mundo. Te amo!!!

sexta-feira, 18 de março de 2011

UM DIA DE CÃO

                Existem momentos que sufocamos dentro de nós como se fossem meros equívocos. A vida não é constituída de apenas um dia após o outro, um amanhecer ou um anoitecer, mas de liberações plena de uma consciência de existir no mundo. Meditações, as vezes se faz necessário para que possamos suportar estágios de vidas que nos deixam infelizes. A mente e a inteligência vivem de mãos dadas nos conduzindo a teorias sobre nossa meta existencial, procurando nos dar um pouco de felicidade nessa efêmera existência. Diz Joseph Conrad “o espirito de um homem é capaz de tudo, porque tudo está nele, todo o passado e todo o futuro, como nosso presente”. O que Conrad admite é que existe uma determinação das coisas que estão para acontecer, assim sensações de amor, solidão, saudade estão pré-determinadas de alguma forma no espirito, e ele tem consciência de todos os acontecimentos, passado, presente e futuro.
                Para muitos é típico dizer que todo o futuro é perigoso, se avançamos demais, julgamos que jamais nos adaptaremos, imaginamos que nossos sentidos são por demais arcaicos para nossa existência. Pessoalmente tenho visto crianças e jovens demasiadamente cansadas para viver, caminhando na ociosidade,  empurrando a própria vida, que muitas vezes chego a pensar que eles não existem. Por causa disso me pego numa imbatível elucubrações sobre o sentido real da vida. Muitas vezes fico impressionado por imaginar que ela não tem sentido real, e como um rato procuro um motivo obvio para a sobrevivência da raça humana e particularmente a minha vida.
               Através da janela do meu quarto, posso ver os carros num continuo movimento, o CD de Maria Bethania em cima da estante, expõe sua foto, ela tem traços fortes, coesa, capaz de se fazer penetrar nos mais puro dos corações, com sua voz inconfundível e eloqüente. Temos necessidade de ouvir palavras fortes através da musica, pois somos homens cépticos, que vivem se empurrando uns contra os outros, numa luta imbatível contra o inevitável: a morte.
               Velhos marinheiros como eu, que não tem família, destino, referencial para chegar, para expor-se ao outro, sente a liberdade plena, somos livres individualmente, não numa liberdade inventada, destituída de destinos, somos seres que não se acomodam, buscam seus objetivos, embora pareça ao contrario aos olhos dos outros, que nossas roupas ou maneira de ser demonstrem que não conseguimos bens materiais, que tão comumente somos obrigados a buscar. Nossa liberdade estar pautada nas virtudes da paciência, do amor, da abnegação e da humildade, é isso que denominamos de bem maior. E o desenvolvimento dessas virtudes é que nos leva para a conquista desses bens espirituais, o verdadeiro bem na vida. 
                O transito barulhento, o vai e vem das multidões que caminha sem destino, um casal de namorados trocando caricias mais intimas no jardim da praça, um velho cego a mendigar,  visto daqui de cima do meu quarto, mostrava-me a diversidade humana em meu campo de visão.Velhos Marinheiros, como eu, até arriscam ser cristão, aquele velho cego, com certeza tem algo parecido comigo, ambos viviam sós e desprovidos de bens materiais.   
               Desci a escadas do prédio onde residia, em menos de meia hora estava em frente ao porto, estava com muita fome. Aristeus, outro velho marinheiro o chamou, ele varria o velho barco Juaguarema, que parecia cair aos pedaços, obedecendo ao chamado caminhou ao encontro do velho amigo e daquela banheira o qual chamava de barco. Na cozinha do barco o velho Aristeus dividiu sua comida, que nada mais era um pouco de arroz com sardinha e tomate. A pinga acompanhava a charuteada antes de ingerir qualquer comida, aquele velho fazia disso um hábito. Seu charuto era o melhor do porto, ele os contrabandeava diretamente de Havana, negocio antigo que o sustentava. Sempre que vinha a esta cidade e a esse porto, ia vê-lo, conversavam bastante, e sempre que podia dava-lhe conselhos para que abandonasse o contrabando, entretanto ele sempre dava uma desculpa esfarrapda e continuava na mesma vida. Naquele momento, vendo aquele velho sentiu medo de um dia acabar como ele. Seu jeito relaxado, sua barba branca, seus olhos azuis e uma barriga imensa que lembrava papai noel. 
-         Amanhã, irei levar a muamba até o velho cais, estou precisando de homem para o serviço, então pensei em você. Sei que andas duro, o dinheiro das férias já se foi, e ainda falta muito tempo para o recebimento de um novo salário, além de tudo  você conhece a transação, já fez isso outras vezes. Será uma ótima oportunidade, e você tira essa barriga da miséria até o próximo salário. Topas? O que achas da proposta?
-         Não sei não, tudo é muito perigoso. Ainda tem o problema da mercadoria, não sei se é perigosa.
-         Nada de tão perigoso. São perfumes, charutos e dez quilos de maconha. Aceita cara, vai ser mamata.
-         Estar certo, vou te ajudar.
- O.k., então nos encontramos as 23 horas no velho cais
         Deixei aquele barco, com uma preocupação, talvez seria melhor desistir de todo esse jogo sujo, pela primeira vez iria trabalhar de forma desonesta, conhecia o mercado porque sempre observava e tinha amigos que participavam de falcatruas, e sempre que era convidado mas resistia, agora entretanto não sabia ao certo porque tinha aceitado, iria ferir os seus valores morais, mas sentia-se momentaneamente atraído pela aventura de um suposto perigo. Realmente o velho em certo ponto estava certo, seu dinheiro tinha acabado, e como iria sobreviver por mais de um mês? Um biscate no porto é quase impossível, principalmente na sua idade, já não tinha o físico adequado, a sua musculatura já não era a mesma. Era preciso arriscar, e se a grana fosse muito boa, poderia pensar em economizar e quem sabe no futuro, montar algum negocio que o pudesse mais tarde com a aposentadoria sobreviver adequadamente .
            Aquela noite estava estrelada, o porto enfumaçado, com um nevoeiro a mostra que dava-lhe um aspecto sinistro, de terror e morte. Alguns marinheiros jogavam cartas perto de um boteco, ao longe ouvia-se musicas como Jazz e Blues. O velho Aristeus fumava seu charuto, parecia um tanto apreensivo, olhava insistentemente o relógio. A velha banheira com o motor ligado esperava pela minha presença, era necessário dois homens para o trabalho, por se tratar de uma grande encomenda, muita mercadoria, mas a grana maior vinha do trafico da maconha. O Juaguarema navegava até um pequeno Iate distante na costa. Aristeus com seu charuto vez por outra dava uma baforada, observava o movimento no porto, que ficava cada vez mais distante. Ao leme eu, velho marinheiro, fazia minha lição perfeitamente, navegava com aquela banheira velha, temendo que aquela aventura acabasse mau. A luz que vinha do Iate iluminava o mar a medida que  aproximavam-nos, podia-se ouvir o som das ondas a debater-se no casco do barco. Alguns homens esperavam na proa e assobiavam uma velha canção do mar. Um homem alto com enorme bigode, parecia ser o chefe, falava alto dando algumas ordens.
       -         Trouxeram a mercadoria?
                       Gritou Aristeus, jogando a corda para que os homens pudesse amarra-la em algum lugar. O homem respondeu positivamente, mas era necessário ir até o chefe que esperava na ponta da costa numa ilha, e ele queria com urgência. Num mesmo instante alguns homens transportavam com facilidade toda aquela mercadoria para o velho barco, nos olhavam desconfiados, com se tivessem certeza que poderíamos denunciá-los. Entretanto estava eu, tornando-me um igual a eles, mas que o destino e minha opção tinha mudado todo o percurso de minha vida, mas havia certa confiabilidade, mesmo porque estávamos na mesma situação, encrencados. Repentinamente lembrei-me de Carlito, era um jovem amigo, que me chamava de guru, pela maneira como vivia e como falava sobre a vida, um belo guru tinha me tornado, metido com contrabandistas. Como poderia me designar espiritualista, esotérico, capaz da meditação que sempre preenchia minha vida existencial? Como poderia encarar-me, podia até parecer fisicamente com um guru, mas ser, era algo agora impossível. Diziam que a meditação é algo capaz de tornar o ser muito supremo, que pode-se chegar até Deus, muito facilmente, agora eu tinha a impressão que não conhecia a mim mesmo, ali surgira um eu diferenciado, capaz de fazer o mau, como se uma nova personalidade se apropriasse do meu corpo, e que eu não a conhecia.
                   O barco Juaguarema seguia agora ao seu destino, algum ponto de uma ilha, um desconhecido esperava por sua carga e com ordens para o seu destino final. Aristeus parecia contente, feliz da vida que levava, parecia ser a primeira operação sem grandes problemas ou complicações, cantarolava uma musica e vez por outra falava do suposto chefe ao qual íamos ao encontro daqui aproximadamente umas duas horas. Meu coração apertava a cada minuto que o tempo passava, parecia que não conseguia chegar até o fim daquela história.
  -         Então, velho amigo, amanhã terás um bom dinheiro para gastar e guardar se quiseres.
-         Você nem imagina como estou arrependido, nunca imaginei que pudesse a cometer esse erro. Logo eu cheio de valores.
-         Não se recrimine amigo, o que estar feito estar feito, mas convenhamos você precisava de ação e de dinheiro na sua vida, de mais a mais será apenas uma vez, e pronto. Não se puna.
-         Esse é meu medo, que seja apenas uma febre inconseqüente, e Deus queira que não se torne um hábito, e sinceramente já espero que Deus me perdoe pelo pequeno deslise, pois eu mesmo já havia me condenado.                                                                                      
                 A ilha parecia deserta, o barco ancorou e o Aristeus pediu sua ajuda para descarregar a muamba, o estranho era que na praia não havia sinal de uma viva alma, aquilo de certo modo me inquietou, mas descarregamos toda a mercadoria na areia, e o velho amigo saiu com sua lanterna na mão a procura de alguém, emitindo um código através da sua lanterna, expressando  nessa linguagem que tudo estava bem aos contrabandistas. Silêncio total, aquilo cada vez mais inquietava-me, a ilha parecia totalmente deserta, insistentemente Aristeus continuava emitindo seus sinais luminosos, deu alguns passos, quando ouviu uma voz firme, que gritou bem alto:
-         O Sr. estar preso, é a policia. Não tente nada precipitado.

                 Ao ver aquela cena à distancia, imaginei do que se tratava, rapidamente corri para o barco e liguei o motor, distanciando-me da praia, naquele momento só pensava em salvar  a minha pele, ouvi ao longe som de tiros disparados, e vi alguém correndo na praia, não  podia ter certeza, mas parecia o velho amigo e logo em seguida  o corpo caia ao chão. Entretanto imaginava que tudo aquilo  fosse um sonho e que o velho amigo estaria em algum lugar a salvo. Daqui a pouco estaria a salvo no porto, e toda aquela aventura seria um fato do passado, dando-me a certeza definitivamente que o crime não compensa, prometia a mim que este seria o ultimo ato indigno que cometeria, e amanhã  sairia pelas ruas, veria as vitrines, olharia as mulheres bonitas, minha liberdade estava preservada. O que não conseguiria esquecer seria o rosto do velho Aristeus e seu triste fim.

terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

CONSTATAÇÃO

O que descrever desse sentimento que doí na alma, que mostra minha fragilidade diante da vida?
E o que é viver? Não compreendo, parece que são ações da vida diária,  ações banais...são meros atos? Que atrelados a eles, as estas atitudes estão uma energia invisível quem dita as açoes, que impulsiona a resolutividade do que desejo, e de como quero existir. É como se fosse um gás, como a energia vinda dos fios ate o abajú da sua casa, ela que determinará o brilho da luz que ele reproduzirá.
Acordo de mal humor ou será tristeza exagerada, não diria de mal humor, porque não trato ninguém mal no tanscorrer do dia, e nem fico com a cara de boi bravio a ponto de atacar o toureiro na arena. Na verdade é a tristeza, ela que vem me rondando a dias, que me faz repensar no meu agir, na minha vida e no que estou fazendo com ela.
Muitas pessoas não curtem a tristeza, eu diria que sou o avesso a essas pessoas, porque na tristeza, é que posso enxergar-me claramente, posso ver o mal que faço a mim e que permito que façam. Só ela é capaz de me conscientizar de que nada está certo, que é preciso mudar, levantar a cabeça, olhar para frente,  e sentir que na vida ainda há esperanças, sim, esperanças de ser feliz, de sentir o que tanto tememos o AMOR. Não falo de sexo, de coito, falo de amor, uma coisa inexplicável e magica que invadi o espírito e quando menos se espera está lá. Inexplicavelmente sorrimos, falamos com todos, vemos a cor de cada raio de sol e nos dias chuvosos amamos o cheiro da terra molhada e de toda a chuva que cai. Dai ouvimos o que dizem por ai : ei..voce o que aconteceu? voce ta de bom humor hoje. Na verdade voce conseguiu sair do seu cotidiano, da sua rotina, com apenas uma centelha dessa energia, que cá entre nós é tão difícil de ser retida...
Hoje posso dizer que estou num estado de tristeza, e esta  faz com que eu repense minha vida, minhas emoções que prezo tanto, e de quanto admiro a força interior que possuo para continuar, para não desistir, de criar mais e mais afeto, mesmo que o umbral esteja ali a minha porta.
Quero expressar uma pequena cena vivida agora a tarde por mim, não sei se é relevante contar, mas estou com vontade e faço tudo pelo impulso, sou movida por ele, um grande defeito meu, afinal quem não os tem? Isto não significa que queira justificar, mas apenas constatar e quem sabe mudar isso. Como dizia, estava resolvendo um problema de trabalho, algo grave e serio , que dependia de mim, após todas as providências tomadas, já indo embora, a mãe desesperada que encontrava-se comigo, a qual eu estava tentando resolver um dos seus problemas, me disse a seguinte frase: " se acontecer algo comigo, voce promete tomar conta do meu filho, de orienta-lo, eu confio em voce", inquirir: nada vai acontecer com voce, e tenho certeza que tudo se resolverá. Me despedi e fui embora, mas aquela cena e aquelas palavras me perseguiram, ainda estão aqui na minha cabeça. Pensei, então, será que ela vai fazer algo insano? Deus permita que não, mas esta senhora tem vivido muito sofrimento e na sua condição, alguém fraco já teria dado um fim a tudo. Por outro lado, penso porque Deus mandou esse recado para mim, afinal o que terei de fazer. Não sei mesmo...
Tenho tentado repensar tudo e escolher o melhor para mim, ouço opiniões, mas tenho certeza que somente aquela que falara do fundo da minha alma, será a resposta correta.
A Deus peço sabedoria, discernimento e AMOR, afinal apesar da idade, me sinto tão pueril e sem saber como conduzir minha vida, mas sei que a resposta virá e o que sinto agora nestes dias serão o alicerce do meu amanhã.

sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

A ESPERA


As estrelas brilhavam no céu escuro e no silêncio da noite meu corpo débil gelava ante o frio da madrugada. Não conseguia dormir, era comum a insônia naquela época de verão, e o consciente forçava minha mente à meditação e recordações na solidão do meu quarto. Ao longe podia-se ouvir o murmúrio das ondas do mar debatendo-se nas rochas. A noite, o coração anima os sentidos e geralmente nos sentimos inclinados a recordações, porém o corpo agonizava por um sono perfeito, mas a mente teimava em emitir imagens sem significação real, levando a um certo medo. Naquela hora, alguns homens rudes deviam estar em alto mar, desafiando a vida e o mar bravio para levar as suas famílias algo que comer e eu inquieto não conseguia dormir. Resolvi então, tomar um sonífero e logo o sono me venceu. Sonhei naturalmente, vivenciando algo tão real, naquelas imagens: estava a andar por um bosque imenso, um grupo de guerrilheiro conversavam, quando perceberam-me e logo começaram a perseguir-me, eu fugia, tinha medo que me matassem, em determinado momento percorri túneis estranhos e intermináveis, caindo num enorme buraco sem fim, acordando naquele exato momento, sentindo todo o meu corpo suado e cansado, o dia estava amanhecendo.
Fiquei parado na cama, pensativo, por alguns segundos, logo espriguicei-me, tomei um banho, vesti uma roupa e deliciei-me com um bom café, saindo em seguida. Atravessei a rua, sentindo certo frio, ainda era cedo. Um ônibus se aproximava, subi e sentei-me a esmo, estava parcialmente vazio. Percebi que as pessoas possuíam um semblante cansado e de evidente solidão. Da janela observava a  paisagem,  o mar era tão lindo e constante do lado de fora . Lembranças do passado atormentavam-me, amava Licia, sua maneira de ser, de falar sem medir as conseqüências, seu jeito meigo, de voz terna, sensível, com todos os predicativos que animam os apaixonados. Sorrir ante a lembrança daquela mulher. As ondas no mar deliciosamente chegava a areia como se fossem pétalas caídas em um jardim. Senti uma enorme vontade de descer do ônibus e tocar os pés naquela areia, e assim o fiz. Aquele cenário matinal contagiava minha alma, inclinando-me a poesia e ao relaxamento espiritual, a uma melancolia  que só é acometida pelos que encarnam o amor, num romantismo sedutor, evidenciando o quanto minha energia feminina era presente e forte. Como uma miragem Licia apareceu na praia, minha mente desgovernadamente comandava minha vontade e repentinamente corri ao encontro daquele vulto, tocando seu braço com força, surpreentemente aquela pessoa que via o rosto de Licia, era nada mais nada menos que uma velha amiga do ginásio, que assustou-se com a minha atitude, não compreendendo porque eu a segurava com tanta força. Pedi, imediatamente desculpas, que ela gentilmente concedeu. Deixei-a um tanto pensativa, e em seguida deitei meu corpo ofegante naquela areia, sentido o prazer de estar naquele lugar , aquela hora. Por uns momentos fiquei meio zonzo, e meus pensamentos novamente levaram-me a Licia, minha Licia. E logo versos poéticos surgem em minha lembrança: ...
”Cada esquina de qualquer cidade...
Te vejo
Aonde quer que eu vá
Permanentemente nos meus olhos tu apareces
Como se fosse durar toda uma eternidade
Em cada bar que eu sente,
Onde eu peça bebida, logo sinto o teu cheiro
Na minha casa, no meu quarto
Lendo um livro ou a meditar
Quando corro, quando choro
Quando sorrio
É tu que percebo na minha mente
Ou até mesmo quando as estrelas cintilam
Longe ao céu
Ou quando a lua desponta mágica
No enorme  horizonte
É tu que invade meus pensamentos
E me retém...”
Desperto daquele transe,  volto a caminhar pela praia, entristecido com a realidade. Mas tinha que continuar a vida, voltar ao trabalho. Descobriu que estava perto do escritório e poderia ir caminhando até lá. Seu escritório, uma pequena sala, um tanto úmida, alguns papéis sobre a mesa, junto ao retrato de Licia, podia ainda ver a carta de despedida. Senti certa angustia e naquele momento não pude controlar uma lágrima rolada. Ela o tinha abandonado, dissera que estava apaixonada por outro e que nunca o amará, que não teve culpa por sentir-se atraída por Rogério, assim que o viu, pedia para que ele entendesse e não guardasse mágoas. Já  havia passado 01 mês, e a presença dela ainda era forte na sua vida. Não conseguia trabalhar adequadamente, e a idéia de férias a cada dia lhe perseguia. Sentou-se na poltrona, fechou os olhos e a mente o levou a um lugar cheio de eucaliptos, onde o vento balançava seus galhos e o sol declinava-se naquele vale. Alguns metros e lá estava um córrego cristalino, onde podia-se ver  peixes a nadar. Ao redor da mata de eucaliptos exalava um aroma agradável, e uma vontade de viver penetrou em sua alma. Despertou daquela magia com o som do telefone. Um cliente, lembrava-lhe o compromisso, daqui a algumas horas teria um almoço para fechar mais uma venda. Trabalhava com imóveis, montara um pequeno escritório e este ultimamente lhe rendia uns bons dividendos, nunca imaginara que em menos de dois anos pudesse comprar o seu próprio apartamento, e logo compraria um carro. Chegou aquele cidade aos 18 anos com a idéia fixa de vencer, de fazer valer todos os esforços que seus pais haviam depositado em si, e que de alguma forma precisava retribui. Terminou o 2º grau, e fez o vestibular para Direito, não conseguindo aprovação, mesmo assim não desistiu, fez cursos de informática, começou a procurar emprego e estudava em casa até tarde da noite. Tinha em mente Ter nível superior, precisava mostrar a seu pai, sentia prazer em dar certo orgulho aquela criaturas que tanto se sacrificaram para que estudasse em bons colégios e lhe dado uma educação adequada. As vezes  questionava  as  metas que havia traçado para si, e se este propósito lhe levaria realmente a algum lugar. Lembrou-se então, de um artigo lido certa feita,  que permite certa reflexão:
... Há alguns anos, nas Olimpíadas Especiais de Seattle,  nove   participantes, todos com deficiência mental e física, alinharam-se para a largada da corrida dos 100 metros rasos. Ao sinal, todos partiram, não exatamente em disparada, mas com vontade de terminar a corrida e ganhar. Todos, com exceção de um garoto, que tropeçou no asfalto caiu rolando e começou a chorar. Os outros  oito ouviram o choro. Diminuíram o passo e olharam para trás. Então eles viram e voltaram. Todos eles. Uma das meninas, com Sindrome de Down, ajoelhou, deu um beijo no garoto e disse: - “Pronto vai sarar”.
E os nove competidores deram os braços e andaram juntos até a linha de chegada. O estádio inteiro levantou e os aplausos duraram muitos minutos. O que importa nesta vida é mais do que ganhar sozinho. O que importa nesta vida é ajudar os outros a vencer mesmo que isso signifique diminuir o passo e mudar de curso.
Agora, novamente só, entre os papeis da  mesa, e com um enorme vontade de fugir das experiências profissionais, arejar, descobrir novos lugares, conhecer novas pessoas. Era isso que iria fazer, após o almoço, assim que terminasse de fechar mais uma venda, iria para casa arrumaria a mochila, levaria pouca roupa e descobriria esse Brasilzão, deixaria para escolher a cidade no aeroporto.        
 Um mês havia se passado, e Ouro Preto era uma cidade muito linda, lembrava o século passado, uma magica maneira de viver que deixava deslumbrado. Amanhã pegaria um ônibus para BH, desde que chegara no estado de Minas, sentia-se atraído por conhecer essa cidade. A noite, como era seu costume, foi ao bar tomar um drinque antes do jantar, naquela noite a lua cheia encantava as ruas e alguns violeiros tocavam  uma música muito romântica. Observava a lua e as estrelas, quando uma voz muito doce encantou o lugar, chamando sua atenção.
-         Sr. Leocadio, por favor o drinque de sempre.
-         Sim, senhorita Laura. Como foi a viagem? E BH, continua movimentada?
-         Tudo normal, a faculdade é que me cansa muito, ainda bem que esse feriado vai dar para relaxar um pouco e nossa cidade tem muita paz.
Aquela voz daquela linda mulher, fez com que meu coração disparasse, enfeitiçando  minha  alma. Cresceu em mim uma  enorme vontade de tocá-la e misteriosamente fui  conduzido até o bar. Sabia  que de alguma maneira procuraria tentar um dialogo, e teria que vencer a timidez. Sua forma sensual, me impulsionavam a não desistir e ir em frente. Pela primeira vez, depois de alguns meses da separação senti certa atração por alguém, era a primeira vez que meu coração disparava ante a presença de uma mulher que não fosse a Licia. Agora, tinha certeza, que poderia ser feliz novamente.

terça-feira, 11 de janeiro de 2011

A LUZ DA ESPIRITUALIZAÇÃO

                                                      Tudo que tenho escrito, tem um simples propósito que é o da reflexão, através de histórias e estórias singulares acerca do ser humano e suas limitações , seus desejos, medos e incompreensões tão inerentes em nossa alma. Entretanto nesse momento me sinto limitada  para escrever sobre alguém, alguém que em boa parte de sua vida foi dedicada a dar alegria aos seus semelhantes através da arte musical de uma invenção frenética utilizada em tempos de carnavais: o trio-elétrico.
                                                      Conheci Osmar Macedo, em 1980, na época estudava parapsicologia, tentava entender a alma do homem e seus fenômenos tão surpreendentes quanto incompreensíveis, os distúrbios da mente como a dupla personalidade e fenômenos extra sensoriais um tanto comum, mas de difícil explicação ou de uma coerência racional. A clinica a qual conduzia aquelas experiências, pertencia a Dr. Eliezer Cerqueira Mendes, situada no Garcia, um dos bairros de Salvador. Várias pessoas frequentavam, eram chamados de sensitivos, entre eles Hebe, que desenvolvia uma personalidade inteiramente estranha quando em transe hipnótico, alguns momentos dizia ser uma índia, entoava cantos e tinha uma linguagem selvagem, em outras ocasiões era uma cigana espanhola. Hebe, esposa de Osmar Macedo, inventor do trio-elétrico, músico e compositor.
                                                    A parapsicologia é um novo ramo da psicologia, que como afirmei anteriormente estuda fenômenos de natureza estranha ao racional humano, são forças ‘ocultas’ manifestada no homem. Toda aquela fenomenologia evidenciada nas sessões hipnóticas, chamava-me muito minha atenção, despertando uma enorme vontade de conhecer mais e mais àquele respeito. Era importante que mantivesse um conhecimento com aquelas pessoas manifestadas, mas não tinha idéia de como poderia chegar até aqueles sensitivos, em especial Hebe, que até então não tinha a menor idéia de quem se tratava. Entretanto a vida nos reserva muitas surpresas, assim um dia sem nenhuma explicação, meu pai convidou-me a passar um dia na casa de uma pessoa que tinha certos poderes e que poderia me ajudar nas manifestações que havia se passado comigo, e que eu não tinha explicações lógicas para o fato, e que essas manifestações jamais tornariam acontecer caso seguisse certo ritual. A curiosidade falou mais alto e fui aquele local. Não sabia o que iria acontecer e de quem era de fato aquela casa.
                                                   Destino ou causalidade me levaram a conhecer Hebe, Osmar Macedo e seus filhos. Aquela aproximação me levaria a conhecimentos importantíssimos, como também a um crescimento interior e amadurecimento do meu próprio ser. Naquele dia , nada do que imaginava encontrar aconteceu, meu pai tomava cerveja com Osmar e Hebe, enquanto eu e sua filha nos deliciavamos na piscina, mergulhando e brincando animadamente, na maior descontração. Meus problemas e suas soluções ficariam para mais tarde ou talvez um outro dia. Minha faculdade sensitiva poderia esperar,  para que pudesse desenvolvê-la adequadamente, isso se eu quisesse de fato. Particularmente, depois de ter vivenciado episódios que desencadearam  sensações estranhas que Dr. Eliezer, afirmava ser  de  uma   faculdade  sensitiva desenvolvida por mim, e que  alguns espiritas afirmavam ser a mediunidade.
                                                   Naquela casa, naquela piscina, aquela suave sensação de prazer desencadeara em mim, a certeza de já ter vivido com aquelas pessoas em algum momento de minha vida, ou até mesmo uma premunição do futuro, vivenciada em meus sonhos. Essa faculdade de conhecimento do futuro, estudada na parapsicologia, já comprovada cientificamente, através de fatos reais mensuráveis. Um exemplo famoso foi do naufrágio do navio “Titanic”, acontecido na noite de 14 para 15 de abril de 1912. O Sr. J. O’Connor  tinha reserva de passagem para si e para sua família, mas , uns dez dias antes da data destinada à saída do navio, O’Connor sonhou com a quilha do navio ao ar e a bagagem dos passageiros flutuando ao redor. Assustado, não contou para sua família, entretanto o sonho se repetiu na noite seguinte. Procurou saber se havia possibilidade de retardar sua viagem, com a confirmação da América, decidiu dar ouvidos ao sonho e mandou cancelar sua reserva no “Titanic”. Pode, então contar o sonho aos amigos, como uma explicação ao cancelamento da viagem. Não queria correr riscos, uma vez que a viagem não era urgente. O caso foi referido pelo próprio protagonista à Society for Psychical Research de Londres. Além disso foi apresentado por escrito o testemunho de seus amigos, como também a apresentação dos passaportes e as reservas das passagens. Assim ficou evidenciado que de certa maneira algumas pessoas possuem sensibilidades incomuns.                                                      A amizade com a família Macedo se consolidava, participava de algumas manifestações da cigana espanhola, uma das personalidades intrusas manifestada por Hebe, e de momentos com a índia. Tudo era muito fascinante. Osmar não participava das reuniões, sempre ocupado às voltas com sua música. Ele criou o trio-elétrico em 1950, junto com o amigo Dodô, naquela época eles saiam em uma fubica eletrizante, com o passar dos tempos foram evoluindo e hoje, o trio-elétrico  é uma marca no carnaval da Bahia. Osmar Macedo sempre gostou de música, e desde os 12 anos tocava e criava canções, como muita humildade diz: “eu não sei muita coisa, ainda tenho muito que aprender”. Com mais de 60 anos ele distribui muita energia e calor humano, sempre contagiando às pessoas que o cercam e de modo especial o povo baiano em tempos de carnaval. Homem simples, em nada orgulhoso, pai de dois filhos do 2º casamento, possuindo uma família harmoniosa.
                                                      Continuava a freqüentar à clinica , as sessões de relaxamento e disciplina da mente, aquietara minha vontade voraz de conhecimento. A amizade com Hebe e Rita que de vez enquanto freqüentava à clinica consolidou-se. E sempre que podia, ia até sua casa ouvi-la a tocar alguma música no piano, como o pai ela tinha o dom para aquela arte, o tempo e sua própria disciplina ia mostrar a todos sua capacidade. Na clinica continuávamos com as experiências. Certa vez tentamos fazer uma regressão com um dos sensitivos, e este aos poucos foi relatando fase por fase vivenciada, até a saída do útero, a libertação, depois seu retorno a uma época passada, as suas dores e alegrias. Era sempre um momento de grande tensão, e Dr. Eliezer estava sempre presente, dando o suporte no que fosse necessário.
                                                        O tempo passou e as experiencias continuaram até que um dia a noticia de que a clinica fecharia, e que Dr. Eliezer retornaria a S. Paulo para lá continuar suas investigações, deixou a todos  entristecidos,  não  mais poderíamos nos reunir e discutir sobre tudo que nos parecia anormal e que tínhamos dificuldades em explicar. As experiências em casa de Hebe, também com o tempo não mais aconteceram, e um dia minhas idas foram escasseando, até não mais existirem. Todas essas experiências proporcionaram um real  crescimento interior resultante de uma energia positiva desprendida no percurso de toda aquela investigação cientifica. Alguns desses resultados estão detalhados nos livros do parapsicólogo o Dr. Eliezer Cerqueira Mendes. Foi uma epoca de grande conhecimento e que alicerçou toda minha trajetoria nas escolhas que teria que fazer para continuar o que chamo de experiencia de vida, no desejo insano de cada dia alcançar a luz da espiritualidade e no maior dos encontros com o supremo, eternizando meu ser a serviço dessa LUZ.

                                                                   
                                                   

sábado, 8 de janeiro de 2011

DESCONHECIDA

Sol forte, desejo...
Pessoas ao léu debruçadas
Mar cristalino
Vontade de existir e coexistir!!!!

Desejos marcados...
Por rostos desconhecidos
Ao longe as nuvens se confundem com mar
Brancas e limpidas...

Ela...ela sorrir
Um sorriso atonito, indefinido
Como uma menina inocente
Imaculada pelo meu desejo!!!


Meus olhos turvam e contemplam sua beleza
Ela, sussurra palavras ao vento
Como um murmurio do mar
Que se debate no Pier...

E vem o desejo,
de toca-la, de sentir sua pele..
Entretanto, meu sentido vagueia pelo seu corpo
Num instante,
Num extase infinto, alheio a tudo
Sorrio..
Pois sei que aqui na minha mente,
Ela é minha,
A desconhecida do Pier!!

quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

UM BARBARO NO MUNDO PERFEITO

Sou guerreiro, tanker
Sou forte, incondicional muralha
Que suporta adversidades...
Sou mutante, mudo de forma
Viro fera, viro tigre
Agil e felino
Esmagando meu inimigo...
Sou racional, ataco e mordo
Não paro, nao desisto
Nem se meu corpo não aguentar...
Sou imortal combatante
Sou fera que fere a guarda dos inimigos...
Sou barbaro do mundo perfeito!
Suporto ataques de mil monstros
Sou admirado
Por suportar e resistir a eles
Numa PT eles confiam
Que suporte os malditos
Confio minha vida felina..
Pois sou barbaro, sou mutante
Sou docil como menino
Feroz e tenaz feito um gigante...